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sexta-feira, 29 de setembro de 2023

Provas - Destino versus escolha das provas

 Dogmas são preceitos apresentados como certos e indiscutíveis e cuja verdade se espera que as pessoas aceitem sem questionar. 

Por princípio, a Doutrina Espírita não é dogmática, mas, sobretudo, ciência e filosofia, com consequências religiosas. Por isso, dias atrás, estranhou-me ouvir uma pessoa (querida) afirmar, não sem fundamentação, que via no livre-arbítrio um dogma do Espiritismo. Segundo sua lógica, o princípio do livre-arbítrio contrariava outro pressuposto do Espiritismo, que é o destino, entendido este no sentido de um programa reencarnatório. 

À primeira vista, pareceu-me que havia razão naquela afirmativa. Pois, de fato, se tudo o que nos acontece na vida presente estivesse previsto, o livre-arbítrio seria uma balela. No entanto, recusei-me a aceitar a lógica apresentada e procurei estudar o assunto, segundo o ensinamento dos Espíritos Superiores, base do Espiritismo, tendo chegado às seguintes conclusões, resumidamente: 

1) Antes de nova existência corpórea, o Espírito escolhe o gênero de provas a que deseja se submeter; nisto consiste o livre-arbítrio na escolha das provas. Entretanto, Deus, ao conceder ao Espírito a liberdade de escolha, deixa-lhe a responsabilidade dos seus atos e das suas consequências. 

2) Na escolha das provas, o Espírito, via de regra, segue uma orientação: o desejo de sua própria evolução. Por isso, o Espírito não escolhe as provas menos penosas. Liberto da matéria, o Espírito não vê nas provas somente seu lado penoso, mas um atalho que o faça alcançar mais rapidamente um estado melhor, como um doente pode escolher um remédio mais desagradável para se curar logo. 

3) A despeito do livre-arbítrio, Deus pode impor certa existência a um Espírito, quando este não estiver apto a compreender o que lhe seria mais proveitoso. 

4) O Espírito escolhe o gênero das provas: os detalhes são consequências da posição escolhida e, frequentemente, de suas próprias ações. O Espírito, escolhendo um caminho, sabe de que natureza são as vicissitudes que irá encontrar; mas não sabe que acontecimentos o aguardam. Os detalhes nascem das circunstâncias. 

5) Por fim, o Espírito pode escolher prova que esteja acima das suas forças e então sucumbir. Por outro lado, pode escolher outra que não lhe dê proveito algum, como um gênero de vida ociosa e inútil. Nesses casos, voltando ao mundo espiritual, percebe que nada ganhou e pede para recuperar o tempo perdido. 

Da forma exposta, compreendi melhor os princípios do livre-arbítrio e do destino. Compreendi que, apesar de à primeira vista termos a impressão de que um desses pressupostos contraria o outro, tal lógica incorreta, do ponto de vista espírita, é motivada pela confusão que fazemos, tomando por destino os mínimos detalhes de nossas vidas. O certo é que nem tudo está previsto, mas apenas o gênero das provas a que nos submetemos a cada vez: isto, sim, é fruto da nossa própria escolha, ou das escolhas que fizemos e decisões que tomamos em vidas passadas.

É certo que muito mais ainda há a se dizer sobre o tema. De modo que, se Deus assim o permitir, poderei, de uma próxima feita, continuar discorrendo sobre determinismo e livre arbítrio. Encerro com um princípio da justiça da Lei Divina, muito apropriado a toda essa reflexão (e que nos serve de estímulo à prática do bem): “A ação positiva do presente corrige efeitos do passado negativo”. 

Eduardo Batista de Oliveira – Destino versus escolha das provas 
                                                                                 - O Consolador – Nº 26 – 12/10/2007


Provas - Provações antecipadas

 A resignação e a confiança em Deus transformam nossas expiações em provas

 “O estudo sistematizado e tranquilo da Codificação Espírita fornece exuberante material de esclarecimento para qualquer dificuldade.” - Vianna de Carvalho (1) 

Voluntarioso, atrabiliário, egoísta, embrutecido, violento e extremamente ignorante... Era o protótipo da imperfeição encarnado. 

Não obstante, tudo lhe corria às mil maravilhas: era temido mais do que respeitado, tinha sucesso nos negócios, esposa dedicada, filhos boníssimos e inteligentes... 

A vida transcorria com suas vicissitudes próprias, mas a “boa estrela” nunca o abandonava. Sabia superar os obstáculos e estava sempre no “topo do mundo”. Até que um dia... começou a ler a Bíblia! Ficou encantado com seu teor, e especialmente com os conteúdos Neotestamentários, onde estão registradas as imarcescíveis instruções de Jesus. A partir daí, começou a frequentar, com assiduidade, um dos segmentos evangélicos do Cristianismo. Então as coisas começaram a mudar: para pior!... A esposa, que até então era tão dedicada e dócil, abandonou-o iludida pelos encantos de um jovem sedutor; os negócios foram fracassando a olhos vistos e a breve tempo a ruína ganhou contornos de triste realidade... 

Certo dia viajou para o Rio de Janeiro onde residia um irmão que lhe emprestou um dinheiro para socorrer a algumas necessidades mais prementes e... foi assaltado, perdendo tudo... 

Ele suportava os abundantes reveses e vicissitudes com paciência, tolerância, resignação e com uma incondicional fé em Deus.... As pessoas ficavam admiradas, sem compreender.... Antes, tudo lhe sorria; agora, com mais razão, tudo deveria estar melhor. Mas não estava; ia de mal a pior... 

O Espiritismo explica facilmente a história dessa criatura. É um caso de antecipação de provas. Agora que ele havia se deixado penetrar pelos lúcidos e esclarecedores ensinamentos de Jesus, vislumbrando mais amplos horizontes, foi-lhe outorgado, a próprio pedido durante a emancipação pelo sono, a antecipação das provas a que deveria submeter-se em encarnações futuras, para sua ascensão espiritual e também como expiação gerada por seus passados desatinos. 

Segundo Kardec, a resignação e a confiança em Deus transformam nossas expiações em provas. E todo sofrimento resignado denota uma alma que escolheu suas vicissitudes e sofre-as com coragem porque sabe que quanto mais inditoso e resignado for agora, mais ditoso será no porvir. 

Aprendemos com Vianna de Carvalho (1) “(...) as pessoas cujas dores lhes pareçam adição de provas são, ao contrário, bênçãos... Porque se encontram mais bem municiados pelo conhecimento espiritual para a vida, merecem ter as provações futuras antecipadas, e eles próprios, quando parcialmente desprendidos do corpo, pelo sono fisiológico, em lucidez, rogam-lhe seja-lhes facultado o resgate das dívidas que estavam destinadas à liberação
futura. A consciência da responsabilidade amadurece o homem e o capacita para realizações hercúleas. Além disso, o grau do sofrimento está em relação à quota e ao tipo de emoção que se lhe aplica na condição de suporte e reação. Sob o guante do desespero e envolvido pelo açodamento da revolta, as dores parecem mais superlativas, insuportáveis... De outro modo, ao amparo da confiança em Deus e do otimismo, com o espírito lenido pela fé, a dor é estímulo nobre para a ascensão, convidando o ser à libertação. Sob sua injunção, os fatores éticos adquirem profundidade, propondo beleza, criando valores educativos e fixando a aprendizagem superior, nos centros profundos da sensibilidade espiritual. 

Sabendo que a vida na Terra tem objetivos específicos como: adquirir experiências, exercitar fraternidade, cultivar o amor, praticar a caridade, lapidar arestas morais e imperfeições; aqueles que têm conhecimento da Vida Espiritual, sem qualquer nota de frustração ou complexo de fuga, transferem para o Mundo Espírita, o verdadeiro, porque o das causas, as esperanças de conforto e felicidade, aproveitando-se da ensancha da reencarnação para ensementação do bem no solo do próprio ser... 

Não têm, pois, nenhuma razão os que debandam, apoiados a justificativas injustificáveis, nem os que asseveram que o exercício do bem atrai o sofrimento. 

Jesus, que não tinha nenhuma dívida a pagar, de forma insofismável, mesmo sofrendo, ensinou que o processo da dor é o de lapidação e crescimento, até que o homem compreenda que, somente pelo amor, a paz se lhe aninhará nos recessos do ser em definitivo”. 

A presença do amor na vida das pessoas faz a grande diferença, pelo singelo motivo assinalado na suave expressão do Evangelista (2): “Deus é amor”. 

Segundo Fabiano de Cristo aí está a síntese de tudo, porquanto (3), “(...) em tudo e em toda parte, palpita, em gérmen, o amor de Deus. 

Sem o amor a vida não existiria, porquanto, o primeiro gesto do Criador, no rumo da Criação, é uma exteriorização do Seu Amor. 

É o amor que emula o santo para perseverar no sacrifício. É o amor que imprime no herói as marcas da mansidão e da justiça. É o amor que levanta o campeão do trabalho, na edificação do bem geral. É o amor que penetra a alma abrasada pela beleza e pelo bem, fazendo-a crucificar-se no ideal a que se afervora em regime de totalidade... 

Quando o homem não o sabe identificar para lhe viver a expressão sublime, brutaliza-se. 

Vinculado às paixões primeiras, ao longo dos embates pelo amor, disciplina-se e se levanta para as mais alcandoradas manifestações da felicidade. (...) O sábio que não ame, tornar-se á um monstro, por aplicar indevidamente os conhecimentos de que se enriquece. 

A inteligência destituída de amor é arma perigosa nas mãos da impulsividade e do desequilíbrio.

Quando a razão não sabe como conduzir o homem, o amor aponta-lhe a rota a seguir, facilitando-lhe o empreendimento ditoso. 

Graças ao amor, a jornada, mesmo áspera, se torna ditosa, concitando o caminhante a não desanimar, nem desistir, nem parar, prosseguindo intimorato até o momento final da luta. O amor de Deus, que tudo vitaliza, é o apelo para que o nosso amor vitalize uns aos outros nesta maravilhosa aventura de evolução”. 

Rogério Coelho – Provações antecipadas - O Consolador – Nº 609 – 10/03/2019 
________________ 

(1) Divaldo Franco, Sementes de Vida Eterna, (cap. 3) 

(2) I João, 4: 8. 

(3) Divaldo Franco, Terapêutica de emergência, (cap. 30).




quinta-feira, 28 de setembro de 2023

Provas - A prova cabal

 Um dos fenômenos mais comprobatórios do Espírito, fenômeno reproduzível a todos e tido como a Prova Cabal do Espírito, do Perispírito, e, portanto, de nossa imortalidade em outro plano existencial, trata-se, indubitavelmente, da Materialização do Espírito livre, que o faz, por uma emanação fluídica do médium: o ectoplasma. Em tal circunstância, ou sessão mediúnica da maior seriedade, há, comumente, uma vasilha contendo parafina fervente e outra contendo água fria. 

Tais Espíritos, momentaneamente materializados, em muitas situações, meteram as mãos nessa substância fervente para compor cópias (uma espécie de “luva”) de suas mãos que, com isto, intencionavam deixar provas inabaláveis do fenômeno em foco. E quem, ou quais, dos pesquisadores participantes de tais sessões, ousariam meter as mãos naquela parafina superaquecida? E, mais ainda, se alguém o fizesse, como se poderia retirar o molde rígido sem quebrar a “luva”, haja vista que o punho é mais estreito que o metacarpo. Isto, por si só, já é prova bastante do fenômeno em si, e, portanto, do Espírito livre da matéria e capaz de, inteligentemente, agir sobre ela. 

Gustave Geley (1868 – 1924), um dos mais notáveis pesquisadores das materializações que, aliás, tornara-se referência obrigatória no estudo do ectoplasma, dito cientista, para não permitir fraudes, se utilizava do seguinte e mui simples expediente: o de colocar na parafina alguma substância química dele tão somente conhecida e de fácil identificação em laboratório; mesmo o sal de cozinha serve de prova incontestável. Dito expediente revelaria, de pronto, se a parafina fora trocada ou não em caso de uma eventual fraude; ou seja: se alguma luva parafínica pré-fabricada fosse introduzida na referida sessão. 

Em suma, as confirmações e provas científicas do Espírito imortal são as mais variáveis, sendo a sua Materialização, por meio do ectoplasma, mais uma delas; confirmação que, a meu ver, considero como a Prova Cabal, Perfeita, sendo tal, uma espécie de “Reencarnação” do Espírito, porém, de curta duração, transitoriamente fugaz. 

Logo, o Espiritismo de Kardec, de Denis, de Delanne, de Flammarion, bem como em sua versão Metapsíquica dos fenômenos mediúnicos, versão dos renomados Richet, Geley, Crookes e tantos outros mais, há que ser estudado e considerado pelos cientistas do Século 21; isto é, se tais elementos albergarem maturidade, mas, sobretudo, humildade para enxergar o óbvio: o fato do Espírito palingenésico, e, portanto, imortal; criação de um Ser Supremo, ou, do que queiram, em seu entendimento, discernir e proclamar. 

Fernando Rosemberg Patrocínio – A prova cabal - O Consolador – Nº 447 – 10/01/2016


Provas - Escolha das provas

O Espírito pode escolher uma prova muito rude 

1 Sob a influência das ideias carnais, o homem, na Terra, só vê das provas o lado penoso. Eis a razão por que lhe parece natural sejam escolhidas as provas que, do seu ponto de vista, podem coexistir com os gozos materiais. 

2 Na vida espiritual, porém, compara esses gozos fugazes e grosseiros com a inalterável felicidade que lhe é dado entrever, e desde logo nenhuma impressão mais lhe causam os passageiros sofrimentos terrenos. 

3 Assim, pois, o Espírito pode escolher prova muito rude e, conseguintemente, uma angustiada existência, na esperança de alcançar depressa um estado melhor, como o doente escolhe muitas vezes o remédio mais desagradável para se curar de pronto. 

4 Aquele que intenta ligar seu nome à descoberta de um país desconhecido não procura trilhar estrada florida. Conhece os perigos a que se arrisca, mas também sabe que o espera a glória, se lograr bom êxito. 

5 A doutrina da liberdade que temos de escolher as nossas existências e as provas que devamos sofrer deixa de parecer singular, desde que se entenda que os Espíritos, uma vez desprendidos da matéria, apreciam as coisas de modo diverso da nossa maneira de apreciá-las. Divisam a meta, que bem diferente é para eles dos gozos fugitivos do mundo. 

A existência terrena é mera cópia da vida espiritual 

6 Após cada existência, veem o passo que deram e compreendem o que ainda lhes falta em pureza para atingirem a meta. Daí o se submeterem voluntariamente a todas as vicissitudes da vida corpórea, solicitando as que possam fazer que a alcancem mais rapidamente. 

7 Não há, pois, motivo de espanto no fato de o Espírito não preferir uma existência mais suave. Não lhe é possível, no estado de imperfeição em que se encontra, gozar de uma vida isenta de amarguras. Ele sabe disso e, precisamente para chegar a fruí-la, é que trata de se melhorar. 

8 Não vemos, aliás, todos os dias exemplos de escolhas tais? Que faz o homem que passa uma parte de sua vida a trabalhar sem trégua nem descanso, para reunir haveres que lhe assegurem o bem-estar na velhice? O militar que se oferece para uma perigosa missão, o navegante que afronta não menores perigos, por amor da ciência ou no seu próprio interesse, que é que fazem, senão sujeitar-se a provas voluntárias de que lhes advirão honras e proveito, se nelas não sucumbirem? 

9 A que sacrifícios não se submete ou se expõe o homem movido por interesses diversos? E os concursos? Não são eles também provas voluntárias a que as pessoas se sujeitam com vistas a avançarem na carreira abraçada? Ninguém galga qualquer posição nas ciências, nas artes, na indústria, senão passando pela série de posições inferiores, que constituem igualmente outras tantas provas.

10 A existência terrena é, pois, cópia da vida espiritual. Nela se nos deparam em ponto pequeno todas as peripécias da outra. Ora, se na existência terrena muitas vezes escolhemos duras provas, visando a uma posição mais elevada, por que não haveria o Espírito – que enxerga muito mais longe – de escolher uma existência árdua e laboriosa, desde que isso o conduza à felicidade eterna? 

O encarnado é qual viajante no sopé da montanha 

11 Os que dizem preferir terem nascido príncipes ou milionários, assemelham-se aos míopes, que apenas veem aquilo em que tocam. São como o viajante que atravessa profundo vale ensombrado por espesso nevoeiro. Ele não logra apanhar com a vista a extensão da estrada por onde vai, nem os seus pontos extremos. Chegando, porém, ao cume da montanha, abrange com o olhar quanto percorreu do caminho e quanto ainda lhe resta percorrer. Divisa-lhe o termo, vê os obstáculos que deve transpor e combina então os meios mais seguros de atingi-lo. 

12 O Espírito encarnado é qual viajante no sopé da montanha. Desenleado dos liames corpóreos, sua visão a tudo domina, como a daquele que subiu ao topo do monte. Para o viajor, no termo da sua jornada está o repouso após a fadiga; para o Espírito, está a felicidade suprema, após as tribulações e as provas. 

13 Dizem os Espíritos que, na erraticidade, eles se aplicam a pesquisar, estudar, observar, para fazerem sua escolha. Não se oferece, na vida corpórea, um exemplo desse fato? Não levamos, frequentemente, anos a procurar a carreira pela qual afinal nos decidimos, certos de ser a mais apropriada a nos facilitar o caminho da vida? 

14 Se numa o nosso intento se malogra, recorremos a outra. Cada uma das que abraçamos representa uma fase, um período da vida. Não nos ocupamos cada dia em cogitar do que faremos no dia seguinte? Ora, que são para o Espírito as diversas existências corporais, senão fases, períodos, dias da sua vida de Espírito? E fases – entendamos bem – transitórias, passageiras, porquanto a vida espiritual é que é a vida normal, porque, afinal de contas, somos Espíritos e não um amontoado de ossos e músculos.

Thiago Bernardes – Escolha das provas - O Consolador – Nº 74 – 21/09/2008

Bibliografia: 

Kardec Allan, O Livro dos Espíritos, (itens 258, 259 e 266.) 

André Luiz, Os Mensageiros, (pp. 41 a 71), (Chico Xavier).


Provas - Transição planetária

 Estamos no limiar da grande era onde o planeta transitará de mundo de provas e expiações para mundo de regeneração e onde as forças do bem reinarão, plasmando no planeta a oportunidade divina de redenção para todos os Espíritos que se identificarem com os novos rumos do planeta em ascensão. 

Nessa marcha para a luz, aqueles que não vibrarem com os novos rumos irão ser convidados a habitar outros mundos compatíveis com os seus níveis evolutivos, assim não prejudicando o adiantamento moral do planeta, e para que, um dia, quando mais evoluídos, poderem retornar ao planeta amado. 

É o que vem acontecendo no momento atual com os flagelos destruidores como os tsunamis, maremotos e terremotos que, através da destruição, facultam a oportunidade de progresso; onde a lei de causa e efeito tem o mecanismo sublime de reajustes e correções conforme as leis soberanas e eternas... 

Nesse momento de transição do planeta estamos todos convidados a participar deste banquete de luz e amor que já estava programado para o orbe deste priscas eras. Assim, utilizemos dos benefícios da doutrina espírita que nos faculta a oportunidade divina de trabalharmos em prol do planeta amado que estertora em dores e sofrimentos, esperando o tão sonhado momento de entrar no período de mundo de regeneração e participar das belezas celestiais onde reinarão o amor, a paz, a sabedoria provenientes dos níveis evolutivos dos Espíritos que vierem aqui reencarnar. 

Os Espíritos superiores que já estão reencarnando com o fim de impulsionar a evolução do planeta são os avatares que retornam neste momento magnífico de amor e paz que a Terra espera há milênios e eis que chega o instante. Quiçá sejamos colaboradores deste novo momento de luz e amor onde Jesus continua sendo o condutor maior da nau terráquea. * 

Como será nosso planeta ao ingressar na condição de mundo de regeneração? 

A resposta a esta pergunta pode ser encontrada nas seguintes palavras de Santo Agostinho, constantes do cap. III, item 17, do livro O Evangelho segundo o Espiritismo: 

“Os mundos regeneradores servem de transição entre os mundos de expiação e os mundos felizes. A alma penitente encontra neles a calma e o repouso e acaba por depurar-se. Sem dúvida, em tais mundos o homem ainda se acha sujeito às leis que regem a matéria; a Humanidade experimenta as vossas sensações e desejos, mas liberta das paixões desordenadas de que sois escravos, isenta do orgulho que impõe silêncio ao coração, da inveja que a tortura, do ódio que a sufoca. Em todas as frontes, vê-se escrita a palavra amor; perfeita equidade preside às relações sociais, todos reconhecem Deus e tentam caminhar para Ele, cumprindo-lhe as leis. Nesses mundos, todavia, ainda não existe a felicidade perfeita, mas a aurora da felicidade. O homem lá é ainda de carne e, por isso, sujeito às vicissitudes de que libertos só se acham os seres completamente desmaterializados. Ainda tem de suportar provas, porém, sem as pungentes angústias da expiação. Comparados à Terra, esses mundos são bastante ditosos e muitos dentre vós se alegrariam de habitá-los, pois que eles representam a calma após a tempestade, a convalescença após a moléstia cruel. Contudo, menos absorvido pelas coisas materiais, o homem divisa, melhor do que vós, o futuro; compreende a existência de outros gozos prometidos pelo Senhor aos que deles se mostrem dignos, quando a morte lhes houver de novo ceifado os corpos, a fim de lhes outorgar a verdadeira vida. Então, liberta, a alma pairará acima de todos os horizontes. Não mais sentidos materiais e grosseiros; somente os sentidos de um perispírito puro e celeste, a aspirar as emanações do próprio Deus, nos aromas de amor e de caridade que do seu seio emanam.”

Oswaldo Coutinho – Transição planetária - O Consolador – Nº 237 – 27/11/2011


Provas - Perante as provações

 Aprendemos com a religião espírita que a Terra é um mundo de provas e expiações, onde há o predomínio do egoísmo, do orgulho, do materialismo e das paixões asselvajadas. 

A expiação permite ao Espírito reparar os males por ele causados, a si mesmo e a outrem, com a finalidade de que desperte para a importância do bem e das demais virtudes, na medida em que sofre a consequência da própria ação irresponsável, de tal sorte que passa a compreender a proposta do Cristo: “A cada um segundo suas obras”. 

As provações são situações desafiadoras escolhidas pelo próprio Espírito ou pelos benfeitores espirituais, com o escopo de avaliação ou fortalecimento das próprias virtudes. Como nos ensina o Espírito Camilo, na obra “Vozes do Infinito” (capítulo 12), “provações são testes da Lei Divina, não para que Deus nos avalie, mas para que nós mesmos nos demos conta do modo como estamos atendendo aos ditames da Vida Maior”. 

Na aludida lição, que servirá de parâmetro para as nossas análises neste artigo, o benfeitor Camilo nos faz refletir sobre como temos nos comportado moralmente diante das provações na Terra, haja vista que o mais importante é o modo como estamos atravessando a rota de lutas. 

Anote-se que apenas saber que estamos em regime de provas não resolve a situação, uma vez que é imprescindível que tenhamos uma conduta equilibrada diante das situações provacionais, de forma que “as circunstâncias de aceitação ou de revolta é que vão determinar a libertação ou o agravamento dos problemas do ser”. 

Dessa forma, as condutas desarmonizadas, irrefletidas e agressivas gerarão “novas provas sobre as provas não exitosas”. 

É obvio que o conhecimento do sistema de provas e expiações das leis divinas auxilia-nos a abandonar a ideia de que Deus se esqueceu de nós, de que estamos sendo castigados, de que somos vítimas do azar ou das fatalidades genéticas. Tal conhecimento ainda facilita a conduta de aceitação, porque passamos a entender que foram as nossas ações infelizes de vidas passadas que geraram determinadas situações aflitivas na atualidade (expiação), ou que é a nossa imperfeição moral que suscita algumas ocorrências desafiadoras a fim de nos fazer crescer como Espíritos em evolução (prova). 

Aceitação não significa entregar-se passivamente à situação, mas deve representar uma conduta equilibrada, resignada, sendo lícita a procura de alternativas éticas para melhorar a nossa vida, não nos esquecendo de que o mais importante é ouvirmos o recado da provação, que é de melhoria espiritual, sob pena de termos que sofrer novas provas, ainda que com outras nuances e particularidades. 

Na lição em foco (“Vozes do Infinito”, capítulo 12), o Espírito Camilo exemplifica algumas situações corriqueiras em nossas vidas que, normalmente, trazem a característica de prova, exigindo-nos uma postura mais saudável sob a ótica do evangelho.

Camilo nos fala dos testes nas famílias. “São filhos que aguardam orientação e paciência; vêm os cônjuges carecentes de compreensão e paciência; os afins que se agregam ao núcleo doméstico, rogando atenção e paciência.” 

São inúmeras as pessoas que enfrentam os desafios existenciais no âmbito doméstico, de forma que devemos buscar a espiritualização, a conexão com Deus através da prece e da caridade, a assiduidade no templo religioso para fortalecimento dos conceitos do evangelho, a fim de que tenhamos força interior para manter a paciência e a resignação na intimidade do lar. 

Caso a nossa conduta seja de omissão, de atritos constantes, de desapreço, de comportamento desregrado, tudo isso “determinará nova prova para quem não logrou bom êxito no sistema de provas”. 

Camilo também nos lembra das questões da saúde. Alguns mantêm condutas saudáveis, amadurecidas, em regime de confiança em Deus, de forma que estão vencendo a prova. Em contrapartida, outros elegem a mágoa surda, a reclamação contumaz, a revolta contra a vida, o que gerará novos quadros provacionais, uma vez que a prova atual não surtiu o efeito pedagógico almejado pelo próprio Espírito (elevação moral). 

O referido benfeitor ainda nos recorda das convivências difíceis dos contatos humanos e das agruras das profissões, a nos exigir uma conduta pacificada, afinada com as propostas do Cristo, todavia, muitos, ao darem vazão ao temperamento explosivo ou impaciente, comprometem-se indevidamente, criando novas provas “no bojo da prova não vencida”. 

Frise-se que muitas situações típicas da Terra também se enquadram como ocorrências provacionais coletivas que, se bem vividas, trazem conquistas morais significativas aos Espíritos envolvidos. 

Com efeito, temos em nossa sociedade diversas situações provenientes da imperfeição moral, como, por exemplo, a carência no atendimento da saúde pública, as limitações no âmbito da rede escolar pública, os altos índices de desemprego, a violência urbana etc. 

Não cabe de nossa parte qualquer reclamação no sentido de que não merecíamos tais ocorrências, em que pese seja louvável a luta por melhorar as condições de vida no orbe terrestre, porquanto, à luz da doutrina espírita, são os nossos limites morais que nos vinculam ao planeta Terra, de forma que, se não necessitássemos destas experiências dolorosas, próprias de um mundo de provas e expiações, certamente estaríamos reencarnados em mundos mais felizes. 

Como Deus não se equivoca, concluímos que as experiências vividas na Terra, boas ou más, servem para o nosso aprimoramento intelecto-moral. 

Nesse contexto, num conceito mais elástico de prova, poderemos afirmar que as citadas experiências trazem-nos, no mínimo, um aprendizado, e, se bem enfrentadas, geram-nos a conquista de virtudes.

A obra “O Evangelho segundo o Espiritismo” traz uma lição com a mesma proposta moral, ao nos falar sobre o bem e o mal sofrer (Capítulo V – Bem-aventurados os aflitos). 

Nessa lição, o Espírito Lacordaire enfatiza que poucos sofrem bem e compreendem que somente as provas bem suportadas podem conduzir ao Reino de Deus, isto é, à plenitude interior. 

Na parte final da lição, Lacordaire diz: “Bem-aventurados os aflitos pode, portanto, ser assim traduzido: Bem-aventurados os que têm a oportunidade de provar a sua fé, a sua firmeza, a sua perseverança e a sua submissão à vontade de Deus, porque eles terão centuplicadas as alegrias que lhes faltam na Terra, e após o trabalho virá o repouso”. 

Assim sendo, seria prudente de nossa parte a auto avaliação, até como desdobramento da proposta do autoconhecimento (questão n. 919 do Livro dos Espíritos), para que, periodicamente, aferíssemos como têm sido a nossa ação e o nosso pensamento diante das provas e vicissitudes que a vida nos tem apresentado na Terra, que é uma abençoada escola a propiciar a elevação da alma no rumo da plenitude.

Diante de todo o exposto, cabe-nos uma reflexão profunda sobre as provações e as nossas posturas perante elas, pois, conforme enfatiza o Espírito Camilo: “O que se tenha que sofrer hoje, em regime provatório, não seja adulterado, piorado, pela invigilância ou pela obstinação no quadro do equívoco ou da perturbação”. 

“Com Jesus ouvimos que – nem todos os que dizem: Senhor! Senhor! entrarão no Reino... – o que podemos parafrasear, asseverando que nem todos os que sofrem as provas estarão liberados do seu guante, após as travessias terrenas. Isso porque somente quando, ao invés de criar provas novas nas provas antigas, cada qual aprender a trabalhar hoje, com empenho, certo de que isso se faz urgente para a evolução espiritual, não retendo mais detritos morais no coração, a fim de alimpar-se, em definitivo.” 

Alessandro Viana Vieira de Paula – Perante as provações 
                                                                                 - O Consolador – Nº 278 – 16/09/2012

 


quarta-feira, 27 de setembro de 2023

Provas - O que devemos entender por "provas"?

 O termo prova é amplamente encontrado no vocabulário espírita. Eventualmente se encontra a palavra provação, que segundo o dicionário Michaelis tem o mesmo significado de prova. Como devemos entender, do ponto de vista espírita, tal vocábulo?

O dicionário Michaelis dá para o vocábulo prova várias definições. Nos detemos apenas em duas:

01- Aquilo que serve para estabelecer uma verdade por verificação ou demonstração, que mostra ou confirma a verdade de um fato, o mesmo que teste.

02- ensaio, experiência.

Embora admitamos que, eventualmente, Kardec se valeu da palavra prova como teste / verificação de conhecimentos, na sua acepção primitiva, tal como foi usada pelos Espíritos que assessoraram Kardec, a segunda definição – ensaio, experiência – nos parece mais adequada.

Não há lógica na ideia de que Deus nos envie à dimensão física para nos testar, no que quer que seja, pois, conhecendo o futuro, sabe de nossas possibilidades, se venceremos essa ou aquela situação existencial. As realidades particulares ou difíceis que encontramos durante a existência física são possibilidades de vivenciar determinadas situações, acumular experiências, desenvolver habilidades, reforçar as resistências morais. Não são testes na acepção comum do termo, mas sim experiências que contribuem para o nosso crescimento espiritual.

Essas ideias encontram ressonância no pensamento de Emmanuel. Chamado a diferenciar provação de expiação, na questão 246 do livro O consolador, assim se manifesta: A provação é a luta que ensina ao discípulo rebelde e preguiçoso a estrada do trabalho e da edificação espiritual.

Em O Livro dos Espíritos, na resposta à questão 634 encontramos:

[...] é necessário que o Espírito adquira a experiência, e para isso é necessário que ele conheça o bem e o mal; eis porque existe a união do Espírito e do corpo.

Ainda no mesmo livro, item 872, Kardec escreve:

[...] A vida corpórea lhe é dada para purgar-se de suas imperfeições através das provas que nela sofre […]

Na questão 501, quando Kardec indaga por que a ação dos Espíritos em nossa vida é oculta, os Benfeitores respondem:

Se contásseis com o seu apoio não agiríeis por vós mesmos e o nosso Espírito não progrediria. Para que ele possa adiantar-se necessita de experiência e em geral é preciso que adquira à sua custa; é necessário que exercite as suas forças, sem o que seria como uma criança a quem não deixam andar sozinha.

E finalmente na resposta ao item 871:

[...] A prova não tem por fim esclarecer a Deus sobre o mérito do homem, porque Deus sabe perfeitamente o que ele vale, mas deixar ao homem toda a responsabilidade da sua ação, uma vez que ele tem a liberdade de fazer ou não fazer. Podendo o homem escolher entre o bem e o mal, a prova tem por fim colocá-lo ante a tentação do mal, deixando-lhe todo o mérito da resistência.

Os termos grifados por nós: luta que ensina, adquira a experiência, purgar-se de suas imperfeições, necessita de experiência, adquira à sua custa, exercite as suas forças, responsabilidade da sua ação e mérito da resistência nos parece relacionar-se bem com a definição de prova que defendemos.

Esperamos ter contribuído com o debate, que continua aberto para novas avaliações.

Ricardo Baesso de Oliveira – O que devemos entender por “provas”?

- O Consolador – Nº 417 – 07/06/2015




Provas - A Terra: planeta de provas e expiações

 A Terra e seus habitantes

1 Vimos em ocasião anterior que os mundos dividem-se em cinco categorias e que, nos chamados mundos de expiação e provas, que é a atual condição da Terra, o mal predomina. Essa é a razão por que neste planeta o homem vive a braços com tantas misérias.

2 Na Terra, diz Santo Agostinho (Espírito), os Espíritos em expiação são, se assim se pode dizer, seres estrangeiros, indivíduos que já viveram em outros mundos. Entretanto, nem todos os Espíritos que se encarnam neste planeta vêm para ele em expiação. Os povos chamados selvagens são formados de Espíritos que apenas saíram da infância espiritual e que na Terra se acham, por assim dizer, em curso de educação, para se desenvolverem pelo contato com Espíritos mais adiantados.

3 Vêm depois delas as coletividades semicivilizadas, constituídas desses mesmos Espíritos em via de progresso. São elas, de certo modo, raças indígenas da Terra, que aqui se elevaram pouco a pouco, em longos períodos seculares.

A destinação futura da Terra

4 A felicidade não pode existir ainda na Terra porque, em sua generalidade, as criaturas humanas se encontram endividadas, intoxicadas, despreparadas, e não sabem contemplar a grandeza das paisagens que as cercam no planeta. Mas é encarnando-se aqui, neste globo, que a criatura edifica as bases da sua ventura real, pelo trabalho e pelo sacrifício, a caminho das mais sublimes aquisições para o mundo divino de sua consciência.

5 Um dia a Terra sairá do estágio de expiação e provas e passará para a condição de mundo de regeneração, porquanto este globo está, como tudo na Natureza, submetido à lei do progresso. A Terra progride, assim, material e moralmente.

6 Materialmente ou fisicamente, pela transformação dos elementos que a compõem. Moralmente, pela depuração dos Espíritos encarnados e desencarnados que a povoam. Esses progressos se realizam paralelamente, visto que o melhoramento da habitação guarda relação com o aprimoramento do habitante.

7 Fisicamente, o globo terráqueo tem experimentado transformações que o vêm tornando sucessivamente habitável por seres cada vez mais aperfeiçoados. Moralmente, a humanidade progride pelo desenvolvimento da inteligência, do senso moral e do abrandamento dos costumes. Para que a felicidade impere na Terra torna-se preciso, pois, que somente a povoem Espíritos bons, que somente ao bem se dediquem.

A geração futura

8 Havendo chegado o tempo, grande migração se verifica entre os planetas. Os que praticam o mal pelo mal, ainda não tocados pelo sentimento do bem, não mais sendo dignos do planeta transformado, são dele excluídos, porque sua presença constituiria obstáculo ao progresso. Irão tais Espíritos expiar, dessa forma, o endurecimento de seus corações em mundos inferiores, ou em raças existentes na Terra moralmente mais atrasadas. Substituí-los por Espíritos melhores, que farão reinar em seu seio a justiça, a paz e a fraternidade.

9 A Terra, no dizer dos Espíritos, não terá de transformar-se por meio de cataclismo que aniquile de súbito uma geração. A atual geração desaparecerá gradualmente e a nova lhe sucederá do mesmo modo, sem que haja mudança alguma na ordem natural das coisas. Em cada criança que nascer, em vez de um Espírito atrasado e inclinado ao mal, que antes nela encarnaria, virá um Espírito mais adiantado e propenso ao bem.

10 A época atual é de transição; confundem-se os elementos das duas gerações. Colocados no ponto intermédio, assistimos à partida de uma e à chegada de outra, já se assinalando cada uma, no mundo, pelos caracteres que lhes são peculiares. Cabendo-lhe fundar a era do progresso moral, a nova geração se distinguirá por inteligência e razão geralmente precoces, juntas ao sentimento inato do bem e à crença espiritualista, o que constitui sinal indubitável de certo grau de adiantamento anterior.

11 A destinação imediata da Terra, segundo o Espiritismo, é tornar-se mundo de regeneração. Continuando, porém, no seu progresso ininterrupto, ela ascenderá a planos cada vez mais altos, até chegar à perfeição a que todos nós estamos destinados.

Thiago Bernardes – A Terra: planeta de provas e expiações

- O Consolador – Nº 29 – 02/11/2007

Bibliografia:


Kardec Allan, O Evangelho segundo o Espiritismo,(cap. 3, itens 4, 6, 13, 14 e 15.)


Kardec Allan, A Gênese, (cap. IX, item 1; cap. XVIII, itens 2, 27 e 28.)


Emmanuel, O Consolador, (pergunta 240), (Chico Xavier).



Provas - Provas ou expiações

 A humanidade movimenta-se bastante aturdida na Terra, planeta de provas e expiações, por causa do seu atual estágio evolutivo, onde seus habitantes ainda bem longe estão da pureza e da perfeição a que está destinada; residindo momentaneamente neste abençoado planeta que nos abriga e concede oportunidades para nos redimirmos diante das perfeitas Leis Naturais, que regem com justiça os destinos dos seus habitantes, capacitando-os a seguir para moradas bem mais interessantes. Na maioria das vezes, ficamos perplexos diante do que constatamos no dia-a-dia de nossas vidas, porque nos falta ainda a devida compreensão desses mecanismos automáticos que nos surpreendem em cada ação que perpetramos, dando-nos o justo salário pela obra executada, concedendo na medida certa o doce sabor da paz interior pelas boas obras realizadas ou o sabor amargo pelas menos felizes que empreendemos diante do próximo ou da vida.

Assim sendo, como desde os distanciados séculos de nossa criação nos dedicamos em maior parte às más construções, estamos em maioria esmagadora diante das aflições pelas quais passamos na atual existência e que muitas das vezes não encontramos motivos que justifiquem tais situações afligentes, que nos sucedem no presente, e que nos deixam desesperados e revoltados a blasfemar contra o Criador, que, parece, não está se importando com nossos sofrimentos tão “injustos”.

No entanto, não são os sofrimentos atuais somente o resultado das nossas obras infrutíferas de ontem, mas, para muitos de nós, são provas que buscamos realizar com sucesso para galgarmos subir alguns degraus na escala evolutiva do Espírito Imortal, conforme podemos constatar pelos ensinos dos Espíritos Superiores na matéria que segue.

9. Não há crer, no entanto, que todo sofrimento suportado neste mundo denote a existência de uma determinada falta. Muitas vezes são simples provas buscadas pelo Espírito para concluir a sua depuração e ativar o seu progresso. Assim, a expiação serve sempre de prova, mas nem sempre a prova é uma expiação. Provas e expiações, todavia, são sempre sinais de relativa inferioridade, porquanto o que é perfeito não precisa ser provado. Pode, pois, um Espírito haver chegado a certo grau de elevação e, nada obstante, desejoso de adiantar-se mais, solicitar uma missão, uma tarefa a executar, pela qual tanto mais recompensado será, se sair vitorioso, quanto mais rude haja sido a luta. Tais são, especialmente, essas pessoas de instintos naturalmente bons, de alma elevada, de nobres sentimentos inatos, que parece nada de mau haverem trazido de suas precedentes existências e que sofrem, com resignação toda cristã, as maiores dores, somente pedindo a Deus que as possam suportar sem murmurar. Pode-se, ao contrário, considerar como expiações as aflições que provocam queixas e impelem o homem à revolta contra Deus.

Sem dúvida, o sofrimento que não provoca queixumes pode ser uma expiação; mas é indício de que foi buscada voluntariamente, antes que imposta, e constitui prova de forte resolução, o que é sinal de progresso.

10. Os Espíritos não podem aspirar à completa felicidade, enquanto não se tenham tornado puros: qualquer mácula lhes interdita a entrada nos mundos ditosos. São como os passageiros de um navio onde há pestosos, aos quais se veda o acesso à cidade a que aportem, até que se hajam expurgado. Mediante as diversas existências corpóreas é que os

Espíritos se vão expungindo, pouco a pouco, de suas imperfeições. As provações da vida os fazem adiantar-se, quando bem suportadas. Como expiações, elas apagam as faltas e purificam. São o remédio que limpa as chagas e cura o doente. Quanto mais grave é o mal, tanto mais enérgico deve ser o remédio. Aquele, pois, que muito sofre deve reconhecer que muito tinha a expiar e deve regozijar-se à ideia da sua próxima cura. Dele depende, pela resignação, tornar proveitoso o seu sofrimento e não lhe estragar o fruto com as suas impaciências, visto que, do contrário, terá de recomeçar.” (Os grifos são do articulista.) (1)

Resta-nos encarar com decisão as nossas atuais dificuldades, pois não estaremos em uma situação qualquer sem nada termos contribuído para tal, e estejamos absolutamente certos de que teremos quantas oportunidades nos forem necessárias para alcançar o fim a que todos estamos destinados pela Soberana Inteligência Universal, que é a pureza espiritual e a perfeição relativa; e não nos cabe fiscalizar as ações do nosso próximo, pois, segundo nos afirmou o Mestre de Nazaré, a cada um será dado segundo suas próprias obras.

Foi Jesus quem nos propôs que não julgássemos os nossos semelhantes, pois, se assim procedermos, poderemos estar cometendo enorme injustiça para com muitos dos irmãos em sofrimento na Terra, que em verdade não estão em processo expiatório, como poderíamos achar, mas sim em prova com finalidades nobres de crescimento e evolução moral espiritual.

Fonte:

(1) Kardec Allan, O Evangelho segundo o Espiritismo, (cap. V, itens 9 e 10)

Francisco Rebouças – Provas ou expiações – Caminhos para a felicidade

- O Consolador – Nº 109 – 31/05/2015


Provas - Fé em Deus

  A fé em Deus não te arredará das provas inevitáveis, mas te investirá na força devida para suportá-las;  Não te afastará os obstáculos do ...