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quinta-feira, 28 de setembro de 2023

Provas - Escolha das provas

O Espírito pode escolher uma prova muito rude 

1 Sob a influência das ideias carnais, o homem, na Terra, só vê das provas o lado penoso. Eis a razão por que lhe parece natural sejam escolhidas as provas que, do seu ponto de vista, podem coexistir com os gozos materiais. 

2 Na vida espiritual, porém, compara esses gozos fugazes e grosseiros com a inalterável felicidade que lhe é dado entrever, e desde logo nenhuma impressão mais lhe causam os passageiros sofrimentos terrenos. 

3 Assim, pois, o Espírito pode escolher prova muito rude e, conseguintemente, uma angustiada existência, na esperança de alcançar depressa um estado melhor, como o doente escolhe muitas vezes o remédio mais desagradável para se curar de pronto. 

4 Aquele que intenta ligar seu nome à descoberta de um país desconhecido não procura trilhar estrada florida. Conhece os perigos a que se arrisca, mas também sabe que o espera a glória, se lograr bom êxito. 

5 A doutrina da liberdade que temos de escolher as nossas existências e as provas que devamos sofrer deixa de parecer singular, desde que se entenda que os Espíritos, uma vez desprendidos da matéria, apreciam as coisas de modo diverso da nossa maneira de apreciá-las. Divisam a meta, que bem diferente é para eles dos gozos fugitivos do mundo. 

A existência terrena é mera cópia da vida espiritual 

6 Após cada existência, veem o passo que deram e compreendem o que ainda lhes falta em pureza para atingirem a meta. Daí o se submeterem voluntariamente a todas as vicissitudes da vida corpórea, solicitando as que possam fazer que a alcancem mais rapidamente. 

7 Não há, pois, motivo de espanto no fato de o Espírito não preferir uma existência mais suave. Não lhe é possível, no estado de imperfeição em que se encontra, gozar de uma vida isenta de amarguras. Ele sabe disso e, precisamente para chegar a fruí-la, é que trata de se melhorar. 

8 Não vemos, aliás, todos os dias exemplos de escolhas tais? Que faz o homem que passa uma parte de sua vida a trabalhar sem trégua nem descanso, para reunir haveres que lhe assegurem o bem-estar na velhice? O militar que se oferece para uma perigosa missão, o navegante que afronta não menores perigos, por amor da ciência ou no seu próprio interesse, que é que fazem, senão sujeitar-se a provas voluntárias de que lhes advirão honras e proveito, se nelas não sucumbirem? 

9 A que sacrifícios não se submete ou se expõe o homem movido por interesses diversos? E os concursos? Não são eles também provas voluntárias a que as pessoas se sujeitam com vistas a avançarem na carreira abraçada? Ninguém galga qualquer posição nas ciências, nas artes, na indústria, senão passando pela série de posições inferiores, que constituem igualmente outras tantas provas.

10 A existência terrena é, pois, cópia da vida espiritual. Nela se nos deparam em ponto pequeno todas as peripécias da outra. Ora, se na existência terrena muitas vezes escolhemos duras provas, visando a uma posição mais elevada, por que não haveria o Espírito – que enxerga muito mais longe – de escolher uma existência árdua e laboriosa, desde que isso o conduza à felicidade eterna? 

O encarnado é qual viajante no sopé da montanha 

11 Os que dizem preferir terem nascido príncipes ou milionários, assemelham-se aos míopes, que apenas veem aquilo em que tocam. São como o viajante que atravessa profundo vale ensombrado por espesso nevoeiro. Ele não logra apanhar com a vista a extensão da estrada por onde vai, nem os seus pontos extremos. Chegando, porém, ao cume da montanha, abrange com o olhar quanto percorreu do caminho e quanto ainda lhe resta percorrer. Divisa-lhe o termo, vê os obstáculos que deve transpor e combina então os meios mais seguros de atingi-lo. 

12 O Espírito encarnado é qual viajante no sopé da montanha. Desenleado dos liames corpóreos, sua visão a tudo domina, como a daquele que subiu ao topo do monte. Para o viajor, no termo da sua jornada está o repouso após a fadiga; para o Espírito, está a felicidade suprema, após as tribulações e as provas. 

13 Dizem os Espíritos que, na erraticidade, eles se aplicam a pesquisar, estudar, observar, para fazerem sua escolha. Não se oferece, na vida corpórea, um exemplo desse fato? Não levamos, frequentemente, anos a procurar a carreira pela qual afinal nos decidimos, certos de ser a mais apropriada a nos facilitar o caminho da vida? 

14 Se numa o nosso intento se malogra, recorremos a outra. Cada uma das que abraçamos representa uma fase, um período da vida. Não nos ocupamos cada dia em cogitar do que faremos no dia seguinte? Ora, que são para o Espírito as diversas existências corporais, senão fases, períodos, dias da sua vida de Espírito? E fases – entendamos bem – transitórias, passageiras, porquanto a vida espiritual é que é a vida normal, porque, afinal de contas, somos Espíritos e não um amontoado de ossos e músculos.

Thiago Bernardes – Escolha das provas - O Consolador – Nº 74 – 21/09/2008

Bibliografia: 

Kardec Allan, O Livro dos Espíritos, (itens 258, 259 e 266.) 

André Luiz, Os Mensageiros, (pp. 41 a 71), (Chico Xavier).


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